Papos Contingentes,  Viagens

Reflexões sobre a primeira viagem pós-isolamento para a Revista Pré-Storyca

Buongiorno a tutti!

Oi, pessoal. Eu sou a Mayra Jinkings. Eu moro em Londres, mas hoje vou falar sobre Favignana, na Sicília. E como viajar pode ser um assunto delicado neste período que vivemos, eu vou fazer uma breve introdução a meu respeito e ao que viajar significa pra mim.

Já faz mais de 14 anos que fui embora do Brasil, desde quando me formei em turismo pela universidade. Depois de formada, cursei 3 especializações relacionadas a turismo, viagens e hotelaria… Viajar, planejar, descobrir, conectar e desbravar! Tudo isso sempre fez parte da minha vida pessoal e profissional. Viajar me liberta de mim. Eu, inclusive, tenho um livro escrito que é um guia de viagens de Barcelona, onde também morei. Então, minha gente, para mim, viajar sempre esteve no topo das prioridades.

 Mas o que eu queria mesmo dizer com essa introdução é até ir ao próximo bairro é uma viagem na minha vida. Um passeio. Uma oportunidade de descobrir algo novo, de me conectar. De conhecer alguém diferente de mim. E também para dizer que a situação aqui é realmente diferente do Brasil e esta foi uma escolha minha e de acordo com as minhas possibilidades e realidade

Agora, foca no mês (e ano): Era agosto de 2020, alguns países sofreram (e sofrem) mais que outros, seja pela sua posição geográfica ou então por seus governos (e a falta dele). Neste agosto, desde Londres, eu pude escolher viajar, já que as restrições foram facilitadas e viagem entre países também, o chamado corredor de viagens da Europa.

E aí que o destino escolhido foi uma ilha, que faz parte das ilhas Égadi, na Sicília. Dá pra imaginar o motivo de ter escolhido esse paraíso? Desde que a pandemia começou e a Itália foi o país mais afetado, no início, eu dizia: quando as coisas derem uma trégua, eu viajo pra lá. Levei algumas coisas em consideração na hora de escolher:

      A situação anterior, óbvio, mas a situação atual. Tanto em Londres e a escassez de casos, quando na Sicília. Eu não queria ser perigo pra ninguém e nem me colocar em nenhuma situação de perigo.

      Facilidade de voos. Aeroporto perto de casa e voos diretos – além do preço. Quanto menos contato com pessoas, melhor.

Meu amor à itália. Te voglio bene Itaaaliaaa!

Sentimento

E como eu me senti viajando pela primeira vez desde março? Nossa. Viagem que, pra mim, sempre significou liberdade – a liberdade de ir e vir, de trocar, conhecer, desbravar. Esse frio na barriga que eu sempre sentia se transformou em algo estranho, pela primeira vez. Eu continuo achando surreal, distópico mesmo, ver todo mundo com as mais diversas máscaras. Me senti estranha quando alguém chegava muito perto de mim. Apesar dos aeroportos estarem todos tomando medidas de limpeza (álcool gel pra todo lado, máscara obrigatória e distanciamento também

Essa sensação de estranhamento, do não saber direito como agir, durou até o momento em que eu cheguei em Palermo. O desconforto logo se transformou naquela sensação linda de chegar num lugar novo, sabe? Como eu sabia que a Sicília já não tinha casos novos há semanas, eu comecei a me sentir segura e livre de novo.

E Favignana? Essa ilhota de apenas 37km2 é a maior das ilhas Égadi e tá localizada a apenas 7km da Costa Oeste da Sicília. O nome Favignana é derivado do latim favonious, um termo usado pelos romanos que indicava um vento quente vindo do Oeste.

Para completar o sentimento de liberdade – e eu confirmo que foi um dos dias mais incríveis da viagem – nós alugamos um barco. Só nosso. Um barquinho que não é preciso ter licença e nos deixou completamente livres, um dia inteiro, para desbravar a ilha e as praias mais remotas

Ho parlato molto italiano, comi bastante pasta, tomei vinhos sicilianos, dancei pelos lugares. Fiz trilha, nadei em águas cristalinas, refresquei os pensamentos e o corpo. Doses diárias de vitamina D, de Elena Ferrante, de calor humano. Até de casamento fui testemunha, na pracinha da cidade.

Eu sei que o contexto e minhas escolhas foram essenciais para que eu voltasse a ter prazer (e não medo) em viajar. Foi emocionante. Foi mágico. Foi um cafuné no coração. Foi um suspiro de emoção e quem sabe (ou com certeza?) uma fuga dessa realidade terrível. Foi a minha escolha, mas muito baseada no significado real da palavra liberdade:

 “liberdade é o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a sensação de estar livre e não depender de ninguém.”

Um bacio e até a próxima viagem!

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